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E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

A mudança de sobrenome na adoção: como foi viver esse processo com meu filho

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A maternidade me encontrou através de um caminho especial: a adoção . Seguindo todos os trâmites legais, construímos juntos nossa convivência, nosso amor e nossa família. Um dos momentos mais simbólicos do processo de adoção é quando a criança recebe sua nova certidão de nascimento, já com o sobrenome da nova família. Parece um marco alegre — e para muitos é. Mas, para o meu filho, a realidade foi bem diferente. A notícia da mudança de sobrenome Quando comecei a explicar ao meu filho que, ao final do processo, ele teria seu sobrenome modificado, me deparei com algo que eu não esperava: confusão e medo. Ele deixaria de ter o sobrenome da família de origem para carregar o meu e o do meu marido. Embora para nós isso significasse pertencimento e continuidade, para ele era como apagar parte de sua história. Todas as vezes que eu tentava retomar o assunto e explicar a importância dessa mudança, ele se agitava, mudava de assunto e mostrava desconforto. A sua reação me fez perceber que, naq...

Maternidade depois dos 35: o amor que nasce no caos e floresce com o tempo

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Sempre soube, sem saber explicar, que minha jornada como mãe não seria tradicional. E, mesmo sem entender como, sentia que meu filho chegaria até meus 40 anos. Ele chegou. Não da forma mais suave, nem da maneira que eu idealizei, mas com a intensidade exata para transformar minha vida. Se você também é mãe — ou sonha ser — e sente que sua história é diferente das que costumam ser contadas, esse texto é para você. A intuição que anunciava um encontro Por meses eu dizia ao meu marido: “Sinto que algo vai acontecer. Não sei o quê, mas sei que será até março.” Março chegou, e junto com ele, o nosso filho. Um menino de sete anos que passou a viver conosco como quem sempre pertenceria à nossa casa — e aos nossos corações. Foi tudo muito rápido. A ansiedade, o medo, a alegria. As promessas silenciosas que fazemos a nós mesmas quando um filho chega: “eu vou dar conta, eu vou ser tudo o que ele precisa”. Mas a maternidade, especialmente quando é atravessada por traumas e histórias pregressas...

O Amor Também Se Constrói: Reflexões de Uma Mãe por Adoção

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Ser mulher já é, por si só, um universo de transformações. Quando essa mulher se torna mãe, seja pela gestação biológica ou pela adoção, ela é atravessada por sentimentos que muitas vezes não cabem em palavras. Hoje, quero falar especialmente com você, mulher que se tornou mãe e não sentiu aquele “amor mágico” que tanto dizem por aí. Eu entendo você. Eu sou mãe por adoção. Esperei pelo meu filho por quatro anos e três meses. E durante essa longa espera, entre expectativas e incertezas, procurei ser realista. Nunca romantizei o processo e, no fundo, sabia que poderia não sentir amor de imediato pela criança que chegaria para fazer parte da minha vida. E foi exatamente isso que aconteceu. Quando vi meu filho pela primeira vez, não senti um arrebatamento. Não fui tomada por um amor instantâneo. O que senti foi medo. Uma aflição quase silenciosa. Me perguntei, com um nó na garganta, se eu daria conta. Se um dia eu o amaria de verdade. Nos primeiros tempos da nossa convivência, meu filho — ...

As raízes que me sustentam: sobre dores herdadas, memórias de afeto e o poder da compreensão

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Sou mulher, mãe, esposa. Carrego muitos papéis, mas acima de tudo, carrego histórias. As minhas, a do meus filho, e as que me foram contadas antes mesmo de eu saber quem eu era. Minha infância não foi perfeita. Aliás, acho que poucas são. Cresci entre conflitos e confusões que muitas vezes me deixaram marcas, mas também encontrei afeto nos detalhes, nos gestos pequenos, nos momentos que hoje escolho guardar com carinho. Aprendi que há muito mais por trás de cada silêncio, de cada dureza, de cada ausência. Por muito tempo, olhei para meus pais com julgamento. Questionava suas escolhas, suas falas, suas falhas. Achava que haviam errado comigo — e, de certa forma, erraram sim. Mas o que mudou tudo foi entender o que vinha antes de mim. Aos oito anos de idade os meus pais já trabalhavam. Crianças que mal tinham crescido e já carregavam o mundo nas costas. Ambos filhos de pais que bebiam, de mães que se desdobravam entre a lida da casa e a criação dos filhos, como podiam, como conseguiam. C...

Separando os Feijões: Memórias que Curam

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Sou mulher, mãe e esposa. Mas antes de tudo, sou uma pessoa em constante reconstrução. Meu blog é meu refúgio, um espaço onde tento transformar dores em palavras e histórias em pontes que nos conectam. Hoje, quero compartilhar uma lembrança simples da infância — daquelas que parecem pequenas, mas que guardam dentro de si um poder enorme de cura. As férias na casa dos meus avós: o alívio em meio ao caos Minha infância foi marcada por conflitos, ruídos, descompassos. Mas também teve seus respiros — e os mais doces vieram da casa dos meus avós maternos. Era nas férias que eu encontrava ali um tipo de paz que eu não sabia nomear, mas sentia no corpo. E é sobre uma dessas lembranças que eu quero falar hoje: escolher feijões com a minha avó . Sentávamos lado a lado, geralmente em frente a mesa da cozinha. Ela espalhava os grãos sobre uma peneira e com calma — sem pressa de quem tem o tempo como aliado — começávamos a tarefa de separar os bons dos ruins. Era quase um ritual. Um momento de...

A Carga Invisível da Mulher: Quando Ser Mãe e Esposa Vira um Peso Silencioso

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Tem dias em que a gente acorda já cansada. O corpo até saiu da cama, mas a cabeça continua carregando tudo o que ficou pendente de ontem, da semana passada, de meses atrás. E, às vezes, nem dá pra explicar o porquê desse peso. Mas ele está lá. Se você é mulher, mãe, esposa — ou tudo isso ao mesmo tempo — talvez saiba bem do que estou falando. Essa carga invisível que acompanha tantas de nós não tem hora para aparecer. Ela mora na cabeça e no coração. É você quem lembra da vacina do filho. Do aniversário da sogra. Da reunião da escola. É você quem compra o presente do colega de sala, organiza a rotina da casa, marca a consulta do marido e ainda tenta — entre um caos e outro — não se esquecer de si mesma. Mas a verdade é que, muitas vezes, você se esquece. Ninguém vê, mas pesa O mais dolorido é que esse esforço quase nunca é notado. Ninguém te aplaude por lembrar que acabou o sabão em pó ou por ter colocado a escova de dentes nova na mala do filho antes da viagem da escola. São det...

O Medo de Mudar e Não Ser Reconhecido: Quando o Amor de Irmãos Fala Mais Alto

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Ser mãe é, muitas vezes, ouvir coisas que apertam o coração, mas que também revelam a imensidão de sentimentos que habitam os nossos filhos. Recentemente, vivi um momento assim. Uma conversa simples se transformou em um mergulho profundo no universo emocional do meu filho — e quero compartilhar com você essa experiência que me marcou tanto. "Tenho medo dos meus irmãos não me encontrarem" Estávamos em um momento tranquilo, falando sobre muitas coisas, quando meu filho disse: — Tenho medo de mudar o cabelo e ficar muito bonito. Eu, curiosa, perguntei: — Por que? A resposta dele me pegou de surpresa: — Tenho medo de mudar o cabelo e ficar muito bonito… E meus irmãos não me encontrarem. Na hora, meu coração ficou apertado. Um medo tão puro, tão simbólico… E tão cheio de significado. Respirei fundo, olhei para ele com carinho e respondi: — Seus irmãos vão te encontrar de qualquer jeito, filho. E você já é muito bonito. Adoção, vínculo e pertencimento: sentimentos reais e prof...