E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

O Medo de Mudar e Não Ser Reconhecido: Quando o Amor de Irmãos Fala Mais Alto

Medo de Mudar

Ser mãe é, muitas vezes, ouvir coisas que apertam o coração, mas que também revelam a imensidão de sentimentos que habitam os nossos filhos. Recentemente, vivi um momento assim. Uma conversa simples se transformou em um mergulho profundo no universo emocional do meu filho — e quero compartilhar com você essa experiência que me marcou tanto.


"Tenho medo dos meus irmãos não me encontrarem"

Estávamos em um momento tranquilo, falando sobre muitas coisas, quando meu filho disse:
— Tenho medo de mudar o cabelo e ficar muito bonito.

Eu, curiosa, perguntei:
— Por que?

A resposta dele me pegou de surpresa:
— Tenho medo de mudar o cabelo e ficar muito bonito… E meus irmãos não me encontrarem.

Na hora, meu coração ficou apertado. Um medo tão puro, tão simbólico… E tão cheio de significado. Respirei fundo, olhei para ele com carinho e respondi:
— Seus irmãos vão te encontrar de qualquer jeito, filho. E você já é muito bonito.

Adoção, vínculo e pertencimento: sentimentos reais e profundos

Nos tornamos família através da adoção, e cada palavra dita pelo meu filho me lembra como os laços de amor são poderosos — mas também como podem ser frágeis aos olhos de uma criança. O medo de não ser reconhecido, de não pertencer, de não “caber”... Tudo isso pode se manifestar nas falas mais simples, como a preocupação com uma mudança no cabelo.

Crianças adotadas muitas vezes carregam, mesmo que inconscientemente, o receio de perder o lugar que conquistaram no coração da família. Isso não é falta de amor. É medo. Medo de não ser visto. Medo de não ser reconhecido. Medo de, ao mudar, deixar de pertencer.


Como acolher o medo de uma criança?

Nesse momento, como mãe, o meu papel não foi “corrigir” o medo, mas acolhê-lo com escuta e presença. Acolher é ouvir sem pressa. É validar o sentimento, mesmo quando ele parece “pequeno” para o mundo adulto. E foi o que tentei fazer:

  • Falei que o amor dos irmãos não depende da aparência;

  • Disse que laços verdadeiros resistem a qualquer mudança — até de cabelo;

  • E, acima de tudo, reforcei o quanto ele é amado, hoje e sempre.


A beleza de ser encontrado — mesmo depois de mudar

Essa conversa me deixou pensando: quantas vezes nós, mulheres, também temos medo de mudar e não sermos mais reconhecidas? Mudar de trabalho, de humor, de rotina, de corpo, de cabelo… E tememos que o outro não nos enxergue mais. Que perca a referência. Que se afaste.

Mas o amor de verdade encontra. Reconhece. Abraça.

E esse é o amor que quero construir todos os dias aqui em casa.


Para outras mães que vivem a adoção (ou não)

Se você também é mãe através da adoção ou se simplesmente já viveu momentos como esse — em que o coração do seu filho fala mais alto do que as palavras — saiba: você não está sozinha.

Falar sobre adoção, pertencimento, identidade infantil e medos é essencial para quebrarmos tabus e acolhermos nossas crianças com mais verdade.


Você já viveu algo assim?

Se esse texto tocou seu coração, compartilha comigo nos comentários ou nas redes sociais. Vamos transformar nossas histórias em pontes de conexão com outras mães. 💛


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