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Mostrando postagens com o rótulo adaptação na adoção

Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

Adoção não é conto de fadas – é necessária, real e, às vezes, dolorosa

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Quem me conhece sabe que dificilmente falo sobre minha vida pessoal. Mas, vez ou outra, sinto a necessidade de abrir meu coração — não por mim apenas, mas por tantas outras mulheres que talvez estejam passando por algo parecido e precisem se sentir menos sozinhas. Segunda-feira foi um desses dias. Enquanto esperava o ônibus, aproveitei para ler algumas postagens no grupo de apoio à adoção do qual faço parte. Às vezes consigo responder, acolher, ajudar. E, nesse momento de pausa, me veio uma lembrança forte: o início da minha jornada como mãe por adoção. Muita gente ainda imagina que os acolhimentos institucionais funcionam como nos programas de TV, tipo “Chiquititas”, onde as crianças são tratadas com todo carinho, compreensão e segurança emocional. Mas a verdade é bem diferente. Muitas vezes, as crianças são retiradas de suas famílias de origem sem qualquer explicação que faça sentido para elas. E passam os dias tentando entender: "Por que fui tirado da minha casa?" A m...

E se a maior dificuldade de adaptação do seu filho for... você?

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A maternidade é um mergulho profundo dentro de nós mesmas. E quando ela acontece por meio da adoção , esse mergulho pode ser ainda mais intenso. Muitas vezes, acreditamos que os maiores desafios estão no comportamento da criança. Mas... e se o maior obstáculo estiver dentro de nós? Essa reflexão me atingiu em cheio no processo de adaptação com meu filho. Quero compartilhar essa vivência com você que está nesse caminho – seja na adoção ou na maternidade de forma geral – porque talvez o que esteja te doendo hoje, já me doeu também. A jornada da maternidade adotiva: quando o preparo é desigual Quando decidimos adotar, percebi logo que eu e meu marido nos preparávamos de formas bem diferentes. Eu sou a mais curiosa, estudo, leio, pesquiso tudo o que posso. Meu marido tem dificuldade de concentração e não se interessa tanto por leitura. Ainda assim, sempre foi incrível com crianças – algo que eu temia não ser. Durante o processo, eu buscava informações, assistia vídeos sobre comportamento i...