E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

Adoção não é conto de fadas – é necessária, real e, às vezes, dolorosa

Mentalidade adotiva

Quem me conhece sabe que dificilmente falo sobre minha vida pessoal. Mas, vez ou outra, sinto a necessidade de abrir meu coração — não por mim apenas, mas por tantas outras mulheres que talvez estejam passando por algo parecido e precisem se sentir menos sozinhas.

Segunda-feira foi um desses dias.

Enquanto esperava o ônibus, aproveitei para ler algumas postagens no grupo de apoio à adoção do qual faço parte. Às vezes consigo responder, acolher, ajudar. E, nesse momento de pausa, me veio uma lembrança forte: o início da minha jornada como mãe por adoção.

Muita gente ainda imagina que os acolhimentos institucionais funcionam como nos programas de TV, tipo “Chiquititas”, onde as crianças são tratadas com todo carinho, compreensão e segurança emocional. Mas a verdade é bem diferente. Muitas vezes, as crianças são retiradas de suas famílias de origem sem qualquer explicação que faça sentido para elas. E passam os dias tentando entender:
"Por que fui tirado da minha casa?"

A maioria dessas famílias é marcada por negligência, violência, abandono — mas ainda assim, para essas crianças, eram o que elas conheciam como “família”. Eram as pessoas que elas aprenderam a amar, mesmo que isso não faça sentido.

Meu filho, com poucas semanas conosco, me questionou mais de uma vez sobre os motivos de ter sido separado das pessoas com quem vivia. Houve um momento que me marcou profundamente: ele me disse que a culpa era minha, que eu havia orado pedindo um filho — e por isso ele veio parar na minha casa. E isso seria bonito, se eu não tivesse sentido dor, confusão e medo em suas palavras.
Imagina como fica o coração de uma mãe ao ouvir isso?

Adoção não é um conto de fadas. Ela existe porque é necessária, e não porque é linda ou emocionante.

E por isso quero deixar aqui um pedido sincero, especialmente para quem convive com alguém que está em processo de adoção, convivência ou adaptação:

💔 Desenvolva uma mentalidade adotiva, mesmo que você não vá adotar.

Acolha. Apoie. Ofereça um ouvido atento. Dê colo, sem julgamento. Pergunte como pode ajudar. Entenda que essa criança, tão pequena e frágil, já viveu mais dor do que muitos adultos.

Se você não sabe o que dizer, apenas ouça. Isso já é muito.

Esse texto não é um apelo dramático. É só um desabafo. Um choro que precisei chorar.
De mãe para mãe.
De mulher para mulher.
De coração para coração.

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