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Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

Me senti um zero à esquerda no trabalho — e talvez você também já tenha se sentido assim

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Você já se sentiu um zero à esquerda? Daqueles dias em que parece que todo o seu esforço simplesmente não conta? Que só as mínimas falhas são levadas em consideração? Pois é. Hoje foi um desses dias para mim. Estou na mesma empresa há oito anos. Oito. Anos. Me dedico, me reinvento, faço o melhor com o que me é dado, inclusive, enfrento minhas crises de ansiedade e questões pessoais intensas para fazer o que posso e não deixar ninguém do trabalho na mão ou sobrecarregado — e mesmo assim, cheguei a mais um ciclo de reajuste salarial me sentindo invisível. Trabalho no setor de Recursos Humanos. Isso significa que eu tenho acesso aos salários de todos. E, por mais doloroso que seja dizer, há tempos percebo uma disparidade gritante entre o que faço e o quanto isso é valorizado. Já questionei, já me expus, já fui atrás de respostas. Mas a justificativa é sempre a mesma: “o trabalho do outro setor exige mais estudo”, “é mais técnico”, “é mais difícil”. Difícil? Mais do que aquilo que eu fazia...