E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

Me senti um zero à esquerda no trabalho — e talvez você também já tenha se sentido assim

Zero à esquerda

Você já se sentiu um zero à esquerda? Daqueles dias em que parece que todo o seu esforço simplesmente não conta? Que só as mínimas falhas são levadas em consideração? Pois é. Hoje foi um desses dias para mim.

Estou na mesma empresa há oito anos. Oito. Anos. Me dedico, me reinvento, faço o melhor com o que me é dado, inclusive, enfrento minhas crises de ansiedade e questões pessoais intensas para fazer o que posso e não deixar ninguém do trabalho na mão ou sobrecarregado — e mesmo assim, cheguei a mais um ciclo de reajuste salarial me sentindo invisível.

Trabalho no setor de Recursos Humanos. Isso significa que eu tenho acesso aos salários de todos. E, por mais doloroso que seja dizer, há tempos percebo uma disparidade gritante entre o que faço e o quanto isso é valorizado. Já questionei, já me expus, já fui atrás de respostas. Mas a justificativa é sempre a mesma: “o trabalho do outro setor exige mais estudo”, “é mais técnico”, “é mais difícil”.

Difícil? Mais do que aquilo que eu fazia até o início deste ano, quando precisei parar parte das minhas funções para ensinar exatamente aquilo a eles? Difícil como lidar com gente, com crises emocionais, com conflitos interpessoais — tudo que o RH carrega e ninguém vê?

Hoje, mais uma vez, meu nome não estava na lista dos reconhecidos. E doeu. Doeu porque eu sei o quanto eu me esforço. Doeu porque eu sei o quanto eu entrego. Doeu porque eu me senti desrespeitada.

Falei com a minha chefe, sim. Me impus — dentro do que consegui. Mas no fundo, sei que nada vai mudar.

E é por isso que escrevo. Porque talvez você, mulher, que também equilibra pratinhos demais, que trabalha o dobro para ser vista metade, também já tenha se sentido assim. Desvalorizada. Ignorada. Menos.

Você não está sozinha.

Não é fraqueza se magoar. Não é drama se entristecer. Reconhecer que algo está errado é o primeiro passo para, quem sabe, traçar um novo caminho. Às vezes, a gente só precisa colocar pra fora.

Este blog é a minha forma de fazer isso. É meu grito silencioso, meu diário aberto, meu abraço estendido a outras mulheres que, como eu, tentam dar conta de tudo — e ainda assim, sentem que estão falhando.

Você não está falhando. O sistema é que falha com a gente todos os dias.

E mesmo que eu me sinta hoje um zero à esquerda, sei que esse sentimento não define quem eu sou. Nem a profissional que sou. Nem a mulher que sou.


Se você também se sente assim, comenta aqui embaixo ou me manda uma mensagem. Vamos fazer desse espaço uma rede de apoio real. Porque, juntas, a gente encontra força para renascer — mesmo em meio às cinzas.

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