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Mostrando postagens com o rótulo maternidade por adoção

Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

O Amor Que Insiste Mesmo Quando Dói

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Hoje me emocionei com um post simples, mas cheio de significado. Uma mulher dizia que deseja adotar uma criança mais velha, com mais de quatro anos. Mas junto do desejo, vinha o medo. O medo da rejeição. E como entendo esse medo... ele não é imaginário, ele é real. Ele viveu aqui, entre as paredes da minha casa e os silêncios do meu coração. Na hora, me lembrei da doula de adoção que nos atendeu quando nosso filho chegou. Ela disse algo que nunca mais esqueci: “devemos sempre nos preparar para o pior, esperando que o melhor aconteça.” Essa frase, dita com tanta firmeza e cuidado, ficou em mim. Porque o processo de adoção é, sim, um mergulho em águas desconhecidas. É amor e entrega, mas também é dor, frustração, medo e cansaço. Nem tudo será bonito ou fácil. Nem tudo será como nos filmes. Mas tudo, absolutamente tudo, pode ser transformador. Não fui rejeitada. Mas ouvi do meu filho que eu nunca seria mãe dele. Ouvi que ele sentia ódio de mim — e não sabia explicar por quê. Houve dias em...