E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

O Amor Também Se Constrói: Reflexões de Uma Mãe por Adoção

O amor se constrói

Ser mulher já é, por si só, um universo de transformações. Quando essa mulher se torna mãe, seja pela gestação biológica ou pela adoção, ela é atravessada por sentimentos que muitas vezes não cabem em palavras. Hoje, quero falar especialmente com você, mulher que se tornou mãe e não sentiu aquele “amor mágico” que tanto dizem por aí. Eu entendo você.


Eu sou mãe por adoção. Esperei pelo meu filho por quatro anos e três meses. E durante essa longa espera, entre expectativas e incertezas, procurei ser realista. Nunca romantizei o processo e, no fundo, sabia que poderia não sentir amor de imediato pela criança que chegaria para fazer parte da minha vida.


E foi exatamente isso que aconteceu.


Quando vi meu filho pela primeira vez, não senti um arrebatamento. Não fui tomada por um amor instantâneo. O que senti foi medo. Uma aflição quase silenciosa. Me perguntei, com um nó na garganta, se eu daria conta. Se um dia eu o amaria de verdade.


Nos primeiros tempos da nossa convivência, meu filho — tão pequeno e já tão sábio — me perguntou algumas vezes se eu o amava. Eu respondia com toda a honestidade e cuidado que cabia naquele momento:

"Filho, o amor é uma construção. A gente vai aprendendo a se amar."


Essa frase passou a ser o pilar da nossa relação.


Hoje, o nosso vínculo segue sendo construído dia após dia. Não é um conto de fadas. Mas é real. É feito de afeto, de tropeços, de descobertas e superações. E, principalmente, de presença. Porque o amor, quando é verdadeiro, não precisa ser instantâneo. Ele pode — e muitas vezes precisa — ser aprendido.


Se você é mãe — por adoção ou não — e não sente esse amor que todos parecem sentir desde o primeiro instante, saiba: você não está sozinha. A maternidade não é uniforme. Não há um roteiro único, nem um cronômetro emocional. E tudo bem se o seu caminho for diferente.


Não tenha medo de buscar ajuda. Conversar com profissionais, com outras mães, com pessoas que possam acolher sem julgar, faz toda a diferença. O amor pode se revelar de formas inesperadas, mas ele é possível. Com apoio, com tempo e com entrega, uma linda relação pode nascer e florescer.


Eu não me vejo mais sem meu filho. Ele é parte do que sou. E a nossa história, feita de construção e coragem, é também uma declaração de que o amor pode — e deve — ser vivido de forma verdadeira, do jeitinho que cada mulher puder oferecer.


Com carinho,

Uma mãe real.

Uma mulher como você.


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