Sempre soube, sem saber explicar, que minha jornada como mãe não seria tradicional. E, mesmo sem entender como, sentia que meu filho chegaria até meus 40 anos. Ele chegou. Não da forma mais suave, nem da maneira que eu idealizei, mas com a intensidade exata para transformar minha vida. Se você também é mãe — ou sonha ser — e sente que sua história é diferente das que costumam ser contadas, esse texto é para você.
A intuição que anunciava um encontro
Por meses eu dizia ao meu marido: “Sinto que algo vai acontecer. Não sei o quê, mas sei que será até março.”
Março chegou, e junto com ele, o nosso filho. Um menino de sete anos que passou a viver conosco como quem sempre pertenceria à nossa casa — e aos nossos corações.
Foi tudo muito rápido. A ansiedade, o medo, a alegria. As promessas silenciosas que fazemos a nós mesmas quando um filho chega: “eu vou dar conta, eu vou ser tudo o que ele precisa”.
Mas a maternidade, especialmente quando é atravessada por traumas e histórias pregressas, nem sempre vem envolta em doçura. Às vezes ela chega com dor, insegurança e silêncios difíceis de suportar.
O primeiro baque: quando tudo parecia ir bem…
Poucos dias depois da chegada dele, vivi um momento que me quebrou por dentro. Uma crise inesperada, onde precisei contê-lo fisicamente, acabou com marcas no meu braço e no meu coração.
Eu entrei com ele no chuveiro, de roupa e tudo, tentando acalmá-lo, tentando me acalmar. Enquanto ele chorava sem parar, eu tentava entender o que havia acontecido — e, talvez mais ainda, quem eu precisava ser para cuidar dele.
No dia seguinte, o silêncio entre nós pesava. Mas foi ele quem, de maneira surpreendente, tentou me cuidar: trouxe um vidrinho que chamou de “remédio” e entregou com as mãozinhas ainda tímidas.
Naquele momento, entendi que ele havia notado minhas dores, mesmo sem saber nomeá-las. E que, do jeitinho dele, queria cuidar de mim também.
A dor de não saber se daria conta
Sim, eu quis desistir.
Não por falta de amor — mas por medo. Medo de não conseguir, de não ser suficiente, de falhar com ele.
Mas Deus, que conhece nossos limites e nos fortalece além deles, sussurrou ao meu coração:
“Você é a pessoa certa para ele.”
E eu acreditei.
Ser mãe depois dos 35: uma maternidade possível, real e cheia de recomeços
Se você também sente que a sua história de maternidade não é a mesma dos comerciais de fralda — tudo bem.
Se você também já pensou em desistir, se sentiu sozinha, se olhou pro seu filho com medo do futuro — você não está só.
Maternidade tardia, atípica, adotiva, biológica, construída em terapias e crises — todas são válidas. E todas merecem ser contadas.
Hoje, ao olhar para o meu filho, entendo que aquele momento não foi o fim. Foi o início da construção de um vínculo real, humano, cheio de falhas e reparações — como todo amor verdadeiro.
Se você chegou até aqui, talvez precise ouvir o que eu também precisei naquele dia difícil:
Você é a mãe certa para o seu filho.
Mesmo quando tudo parece bagunçado.
Mesmo quando dói.
Você não está sozinha.
Vamos seguir juntas?
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