E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

A maternidade me encontrou através de um caminho especial: a adoção. Seguindo todos os trâmites legais, construímos juntos nossa convivência, nosso amor e nossa família. Um dos momentos mais simbólicos do processo de adoção é quando a criança recebe sua nova certidão de nascimento, já com o sobrenome da nova família. Parece um marco alegre — e para muitos é. Mas, para o meu filho, a realidade foi bem diferente.
Todas as vezes que eu tentava retomar o assunto e explicar a importância dessa mudança, ele se agitava, mudava de assunto e mostrava desconforto. A sua reação me fez perceber que, naquele momento, insistir poderia gerar ainda mais ansiedade e dor.
Com a proximidade da finalização do nosso processo de adoção, entendi que precisava de ajuda profissional. Pedi então o apoio da psicóloga que o acompanhava, para que, de uma forma sensível e respeitosa, ela pudesse trabalhar esse tema com ele.
A psicóloga conversou, acolheu seus sentimentos e, com muito cuidado, explicou o significado da mudança de sobrenome. Aos poucos, ele entendeu e aceitou a alteração. Mas, diferente do que muitos imaginam, o dia da nova certidão não foi um dia de festa.
A adoção é amor, mas também é perda. E respeitar o tempo e o sentimento da criança é essencial para que ela consiga construir sua nova história sem apagar suas raízes.
Se você está passando por um processo de adoção ou conhece alguém que esteja, lembre-se: não existe manual perfeito. Existe o coração disposto a amar e a ouvir.
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