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E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

Quando percebi que o problema era eu

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Você já se pegou pensando que talvez o problema não sejam os outros… mas você mesma? Essa pergunta me atravessou como uma flecha, em um daqueles dias em que tudo parece fora do lugar. E a resposta, dolorosa e libertadora, foi: sim. Por muito tempo, eu culpei o mundo ao meu redor pelas coisas que não conquistei. Meus pais, colegas de trabalho, meu marido, até mesmo as circunstâncias. Mas aos poucos fui entendendo que a vida muda quando a gente escolhe se responsabilizar por ela. Durante anos, acreditei que minha infância havia me roubado a confiança. Me apeguei às falhas dos meus pais — o jeito duro de criar, os conselhos ríspidos, a dificuldade em acolher minhas emoções. Mas deixei de olhar para os esforços deles, para as limitações que também carregavam. Eles foram criados à base do “engole o choro”, do “não tem motivo para drama”. Eles fizeram o melhor que puderam com o que tinham — e isso é verdade para tanta gente da nossa geração. Mais tarde, culpei colegas de trabalho por meu ...

Aprendendo a dar espaço para o pai que ele consegue ser

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Tem coisas que a gente só entende com o tempo. E, às vezes, com um pouco de dor também. As pessoas sempre me viam, eu não concordo com elas, como alguém tranquila, calma, doce até. Mas a maternidade… ah, a maternidade tem o dom de revelar nossas bordas e dores mais profundas. Descobri, o que no fundo eu já sabia, que eu gosto de saber o passo a passo, entender os porquês, acompanhar cada detalhe. Gosto de ter o controle de tudo. É como se isso me desse a ilusão de que as coisas estão no lugar — mesmo quando o mundo parece um furacão. Meu marido é diferente. Ele é mais direto. Mais prático. Menos emocional e muito distraído. Enquanto eu quero mergulhar no como e no porquê , ele já está lá, fazendo do jeito dele. E isso me tirava do eixo, confesso que em algumas situações ainda tira. Porque, no fundo, eu queria que ele fosse como eu achava que ele deveria ser. E foi aí que começou o meu aprendizado mais profundo:  soltar a expectativa para enxergar a realidade com mais ternura....

Me senti um zero à esquerda no trabalho — e talvez você também já tenha se sentido assim

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Você já se sentiu um zero à esquerda? Daqueles dias em que parece que todo o seu esforço simplesmente não conta? Que só as mínimas falhas são levadas em consideração? Pois é. Hoje foi um desses dias para mim. Estou na mesma empresa há oito anos. Oito. Anos. Me dedico, me reinvento, faço o melhor com o que me é dado, inclusive, enfrento minhas crises de ansiedade e questões pessoais intensas para fazer o que posso e não deixar ninguém do trabalho na mão ou sobrecarregado — e mesmo assim, cheguei a mais um ciclo de reajuste salarial me sentindo invisível. Trabalho no setor de Recursos Humanos. Isso significa que eu tenho acesso aos salários de todos. E, por mais doloroso que seja dizer, há tempos percebo uma disparidade gritante entre o que faço e o quanto isso é valorizado. Já questionei, já me expus, já fui atrás de respostas. Mas a justificativa é sempre a mesma: “o trabalho do outro setor exige mais estudo”, “é mais técnico”, “é mais difícil”. Difícil? Mais do que aquilo que eu fazia...

Acreditar é preciso: como pequenos sinais mostram que não estamos sozinhas

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Nem sempre é fácil caminhar. Tem dias que a gente se sente sem forças, sem coragem, sem fé. E é nessas horas que acreditar se torna um gesto de resistência. Acreditar em algo maior. Acreditar em nós mesmas. Acreditar que, mesmo quando tudo parece perdido, o universo está se movendo a nosso favor, silenciosamente. Esses dias, me peguei lembrando de uma fase difícil da minha juventude. Eu tinha por volta de vinte anos e eu e minha irmã mais nova tomavamos conta de duas crianças. A situação em casa era apertada. Eu não costumava pedir dinheiro aos meus pais, então me virava para conseguir aquilo que eu preciva. Certa vez, eu estava sem nenhum tostão e precisava de uma coisa simples: desodorante. Pode parecer banal, mas naquele momento era uma necessidade e eu me preocupava com isso — e eu realmente não sabia como iria resolver. Então, algo inesperado aconteceu. A mãe das crianças chegou para buscá-las e, sem que eu tivesse falado absolutamente nada, me entregou alguns frascos de desodoran...

No Dia da Adoção, uma mãe com o coração cheio de amor (e medo)

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Hoje é o Dia Nacional da Adoção. Desde que essa data entrou de verdade na minha vida, ela tem outro peso. Um peso bonito, cheio de significado, mas também cheio de dor — daquelas dores que não se resolvem com analgésico nem com frases prontas. Desde janeiro de 2022, sou mãe de um garotinho que chegou até mim através da adoção. Desde então, minha vida mudou por completo. Eu mudei por completo. Os desafios ainda existem. São diferentes dos do começo, é verdade, mas continuam ali, me lembrando todos os dias que a maternidade adotiva é feita de amor, mas também de paciência, reconstrução e cuidado contínuo. Dói saber que o abandono e a separação deixaram marcas tão profundas no meu filho. E dói mais ainda perceber que ele, muitas vezes, parece não acreditar no amor que tenho por ele. Me pergunta, inúmeras vezes, como pode ter certeza de que eu o amo. Quer provas. Quer garantias. Quer que eu repita, que eu reafirme, que eu demonstre de novo e de novo que estou aqui e não vou embora. E eu fa...

"Por que você está boazinha hoje?": Quando o cansaço vira rotina e afasta a gente de quem ama

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Como a maternidade pode ser um convite (doloroso, mas necessário) para nos reconectarmos com nós mesmas Ser mãe, esposa, mulher e ainda dar conta de tudo o que o mundo espera de nós… é possível? Em uma noite comum, ajudando meu filho com a lição de casa, ouvi uma pergunta que me atravessou como um raio silencioso: “Por que você está boazinha hoje?” Naquele momento, percebi o quanto o meu esgotamento tinha se tornado visível para ele. A pergunta, ingênua e sincera, carregava um mundo de significados. Foi como um espelho colocado diante de mim — um espelho sem filtro, que me mostrou o quanto minha exaustão emocional já estava afetando o modo como minha família me percebia. E, mais do que isso: o quanto eu havia deixado de perceber a mim mesma. O termômetro que me acordou Meu filho, com sua sensibilidade, se tornou o termômetro da minha desregulação interna. Através dele, comecei a enxergar a urgência de buscar ajuda, de rever escolhas, de resgatar pedaços de mim qu...

Música, Maternidade e Emoções: Um Respiro Científico e Afetivo no Meio do Caos

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Você já ouviu música hoje? Pode parecer uma pergunta simples. Mas, quando você é mulher, mãe, esposa, trabalhadora e guerreira de si mesma todos os dias, ela ganha um novo peso. Esses dias tenho vivido momentos de profunda oscilação emocional. Me sinto como se estivesse à deriva: entre cansaços que não dormem, desânimos que não explicam, e uma tristeza que bate na porta mesmo quando a vida segue. Luto todos os dias para não me entregar a esses sentimentos. E nesse processo de (re)construção, tenho tentado me agarrar às pequenas coisas que me fazem bem. Hoje, por exemplo, fui trabalhar ouvindo música. Parece pouco, mas me fez um bem enorme. A ciência confirma: música transforma o cérebro e as emoções Você sabia que ouvir música ativa áreas do cérebro ligadas ao prazer, à memória e até à regulação emocional? Estudos de neurociência mostram que a música pode: Reduzir os níveis de cortisol , o hormônio do estresse Estimular a liberação de dopamina , substância associada ao praz...