E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

"Por que você está boazinha hoje?": Quando o cansaço vira rotina e afasta a gente de quem ama

Por que você está boazinha?

Como a maternidade pode ser um convite (doloroso, mas necessário) para nos reconectarmos com nós mesmas

Ser mãe, esposa, mulher e ainda dar conta de tudo o que o mundo espera de nós… é possível? Em uma noite comum, ajudando meu filho com a lição de casa, ouvi uma pergunta que me atravessou como um raio silencioso:

“Por que você está boazinha hoje?”

Naquele momento, percebi o quanto o meu esgotamento tinha se tornado visível para ele. A pergunta, ingênua e sincera, carregava um mundo de significados. Foi como um espelho colocado diante de mim — um espelho sem filtro, que me mostrou o quanto minha exaustão emocional já estava afetando o modo como minha família me percebia. E, mais do que isso: o quanto eu havia deixado de perceber a mim mesma.


O termômetro que me acordou

Meu filho, com sua sensibilidade, se tornou o termômetro da minha desregulação interna. Através dele, comecei a enxergar a urgência de buscar ajuda, de rever escolhas, de resgatar pedaços de mim que ficaram pelo caminho. Me dei conta do quanto venho deixando o descanso para depois, o autocuidado para depois, eu para depois.

E o que vem depois? Uma mulher esgotada, sem energia, tentando amar os outros com um copo vazio.


O impacto invisível do cansaço

O estresse constante transforma nossa forma de falar, de olhar, de estar presente. E o pior: ele vai se infiltrando nos pequenos gestos até virar um modo de existir. Aos poucos, deixamos de ser aquela mãe que brincava, aquela parceira que sonhava, aquela mulher que se olhava no espelho com brilho nos olhos. Ficamos no modo automático.

E quando nos damos conta, alguém nos pergunta:

“Por que você está boazinha hoje?”

 

Como mudar isso?

A resposta não é simples, nem mágica. Mas começa com um passo: parar.

  • Parar para se escutar.
  • Parar para entender o que é seu e o que é imposição externa.
  • Parar para sentir que você também precisa de colo, de pausa, de espaço.

A qualidade de vida não nasce de grandes revoluções. Ela nasce de pequenas decisões diárias:

  • Dormir um pouco mais cedo.
  • Dizer “não” com mais frequência.
  • Pedir ajuda sem culpa.
  • Resgatar hobbies esquecidos.
  • Agendar uma conversa com uma terapeuta.
  • Respirar fundo antes de explodir.

O equilíbrio não é perfeito. Mas é possível.

Sim, o mundo é caótico. Mas não precisamos ser.

Sim, a vida é corrida. Mas merecemos pausas.

Sim, a maternidade exige. Mas também ensina.

Se você, como eu, já se pegou ouvindo frases que doem e despertam, saiba: isso não é sinal de fracasso. É um chamado. Um convite para recomeçar — por você, e por quem caminha ao seu lado.


Você não está sozinha.
Se esse texto falou com você, compartilhe com outra mulher que também precisa desse abraço em forma de palavras.

E se quiser, me conta nos comentários: Qual foi a pergunta que te acordou?

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