Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

Acreditar é preciso: como pequenos sinais mostram que não estamos sozinhas

Acreditar é preciso

Nem sempre é fácil caminhar. Tem dias que a gente se sente sem forças, sem coragem, sem fé. E é nessas horas que acreditar se torna um gesto de resistência. Acreditar em algo maior. Acreditar em nós mesmas. Acreditar que, mesmo quando tudo parece perdido, o universo está se movendo a nosso favor, silenciosamente.

Esses dias, me peguei lembrando de uma fase difícil da minha juventude. Eu tinha por volta de vinte anos e eu e minha irmã mais nova tomavamos conta de duas crianças. A situação em casa era apertada. Eu não costumava pedir dinheiro aos meus pais, então me virava para conseguir aquilo que eu preciva.

Certa vez, eu estava sem nenhum tostão e precisava de uma coisa simples: desodorante. Pode parecer banal, mas naquele momento era uma necessidade e eu me preocupava com isso — e eu realmente não sabia como iria resolver.

Então, algo inesperado aconteceu.

A mãe das crianças chegou para buscá-las e, sem que eu tivesse falado absolutamente nada, me entregou alguns frascos de desodorante. Simples assim. Um gesto aparentemente pequeno, mas que carrega em si algo imenso: cuidado, intuição, providência.

Naquela hora, senti como se Deus estivesse me dizendo: "Eu vejo você. Eu cuido de você, até nos mínimos detalhes."

Quantas vezes a gente passa por cima desses sinais? Quantas vezes deixamos de perceber que há algo — ou Alguém — cuidando de nós, mesmo quando tudo parece escuro?

Não, eu não sou daquelas pessoas que acordam todos os dias com fé transbordando. Às vezes, me sinto perdida. Às vezes, não tenho forças nem para orar. Mas mesmo assim, no silêncio, acredito que a mão de Deus continua estendida. Que Ele não precisa de barulho para agir. Que o cuidado d’Ele se revela, muitas vezes, através de gestos simples, inesperados, humanos.

E é por isso que eu digo: acreditar é preciso.

Acreditar que o dia ruim vai passar. Que a ajuda vem. Que a resposta chega, mesmo quando não temos mais esperança.

Acreditar que não estamos sozinhas, mesmo quando tudo parece desabar.


Talvez você esteja vivendo uma fase difícil agora. Talvez esteja cansada de ser forte, de dar conta de tudo. Se esse for o seu caso, receba esse texto como um abraço apertado. Você não está só. Eu vejo você. E mesmo que você ainda não veja, há algo maior te guiando também.


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