Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

Já pensou em desistir? Eu também. E hoje foi um desses dias.

Desistir

Você já sentiu vontade de desistir?

De tudo? Do trabalho, da rotina, da pressão silenciosa que insiste em gritar dentro da gente?

Eu já. Inúmeras vezes. E hoje foi um desses dias.

Acordei com o coração apertado, carregando na mente a lista de falhas do trabalho que ainda precisam ser resolvidas. Aquela sensação de que estou sempre correndo atrás e nunca alcançando nada. A casa me olha com uma bagunça que reflete exatamente como me sinto por dentro. O suporte ao meu filho, que tento oferecer com tanto amor, parece falhar quando estou exausta demais para brincar, conversar, estar por inteira.

É como se tudo estivesse fora do controle.
E, de certa forma, está.

Ser mulher, esposa e mãe é viver equilibrando pratos invisíveis. A gente se cobra demais, se doa demais, e quase nunca se permite parar. Mas hoje, no meio do caos, respirei fundo. Lembrei que, apesar de tudo, hoje é só mais um dia. E amanhã... amanhã pode ser diferente.

Esse espaço aqui — meu blog, minha terapia — é também para você. Que talvez esteja lendo isso depois de um dia pesado, sentada no banheiro para ter cinco minutos de silêncio, ou chorando no carro antes de enfrentar mais uma reunião. Você não está sozinha.

Nem todo dia será leve. Nem todo dia terá respostas.
Mas todo dia é uma chance de recomeçar.
Com mais gentileza, menos culpa, e com a consciência de que viver inteira é melhor do que viver perfeita.

Se hoje você pensou em desistir, saiba: você é mais forte do que pensa. E amanhã... amanhã pode ser diferente, sim.

Com carinho,
Além das Cinzas

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