Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

Você Já Ignorou a Dor do Seu Marido? Uma Reflexão Carinhosa Sobre o Nosso Olhar no Casamento

Uma reflexão sobre o nosso olhar no casamento

Deixa eu te perguntar, com todo carinho:

Quantas vezes, sem perceber, você ignorou a dor do seu marido?
Quantas vezes acreditou que a sua dor era maior do que a dele?

Se você já passou por isso, te abraço daqui.
Eu também já estive nesse lugar.

Hoje, quero abrir meu coração e compartilhar um pedacinho da minha caminhada. Quem sabe, juntas, a gente não encontra novas formas de olhar para o amor?


A Dificuldade de Se Expressar... Dos Dois Lados

Meu marido sempre teve dificuldades em expressar o que sente.
E, para ser sincera, eu também.
Quando finalmente consigo falar sobre meus sentimentos, muitas vezes a emoção vem tão forte que minhas palavras soam duras, até ofensivas — mesmo que não seja essa a minha intenção.

É doloroso, né? Porque a gente quer ser compreendida, mas às vezes acaba ferindo.
E ele, tentando ser forte, muitas vezes esconde o que sente — e eu, no meio da minha própria dor, deixei de enxergar a dele.


Quando o Amor Não Tem a Nossa Cara... Mas Ainda É Amor

Teve momentos em que ele se dedicou: cozinhou uma comida gostosa, limpou a casa, fez o melhor que podia.
E eu, em vez de enxergar o amor escondido em cada gesto, olhei para o que faltava.
Reclamei porque não era "do meu jeito".

Hoje, olhando com mais amorosidade, vejo: é claro que não seria como eu faria.
Cada um tem seu jeito único de amar, de cuidar, de estar presente.
E que bonito é reconhecer isso.


O Casamento Não É Uma Competição de Dores

Quantas vezes acreditamos que nossa dor é maior, mais legítima, mais difícil?
Quando fazemos isso, sem querer, diminuímos a experiência do outro.
Mas no casamento — e na vida — não existe uma régua para medir quem sente mais.

Cada um carrega o que consegue, do jeito que pode.
E, muitas vezes, o simples ato de estar ali, tentando, já é um enorme gesto de amor.


Um Convite ao Olhar Com Mais Doçura

Hoje, faço um exercício diário: olhar para o esforço dele com olhos mais suaves.
Escolher ver a intenção, e não apenas o resultado.
Agradecer antes de criticar.
Acolher antes de julgar.

Nem sempre consigo. Às vezes tropeço, volto a antigos padrões.
Mas sigo tentando. E cada pequeno passo já transforma muito dentro da gente.

Se você se reconhece nessas palavras, quero te dizer: está tudo bem.
Estamos todas aprendendo.
Você não está sozinha.

Que hoje a gente consiga enxergar o amor nos detalhes — mesmo quando ele não se parece exatamente com o que sonhamos.

Com carinho,
Além das Cinzas

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