E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

Imagem
Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

Quando Preciso Ser a Cruela para Ensinar Meu Filho a Dormir Sozinho

Sono

O peso invisível de ser sempre a presença acolhedora

Nem sempre é fácil ser a mãe amorosa, paciente e compreensiva que desejamos ser. Às vezes, para proteger o nosso filho — e a nós mesmas —, precisamos tomar decisões difíceis. E em alguns desses momentos, nos sentimos como vilãs de um conto que só nós sabemos como termina.

Essa semana, por exemplo, me senti a própria Cruela DeVil. Tudo porque disse “não” ao meu filho. Um não cheio de amor, de exaustão e de medo.


Ele tem onze anos, mas o tempo dele é outro

Meu filho tem onze anos, mas, por conta de um atraso cognitivo, vive o mundo com a leveza (e a dependência) de uma criança mais nova. Ele dorme bem apenas quando está colado em mim — como se minha presença fosse um cobertor que o protege da noite.

Naquela noite específica, ele quis ficar acordado com o pai até mais tarde. E eu, exausta, fui dormir antes. Horas depois, fui acordada porque ele queria que eu o colocasse para dormir. Disse que ele poderia deitar perto de mim, mas não foi o suficiente. Ele queria que eu estivesse na cama dele, ao lado dele. E eu... eu só queria dormir um pouco mais. Precisava acordar cedo. Precisava de mim.


Amor com limites também é amor

Expliquei com cuidado que ele precisava tentar dormir sozinho. Que o pai estava ao lado dele, e que aquilo bastava. Mas ele chorou. Chorou muito. E, com o coração despedaçado, eu me mantive firme.

E foi nesse momento que me senti cruel. Mas não porque fiz algo errado. E sim porque nós, mães, somos treinadas a nos sentirmos culpadas por qualquer coisa que não seja doação completa.

A verdade é que eu também sou gente. E estou aprendendo, dia após dia, que colocar limites não é falta de amor. É justamente porque amo que preciso ensinar a ele que o mundo nem sempre vai funcionar no ritmo que ele quer — e que nem sempre eu estarei disponível.


Quando o coração aperta e a culpa bate

Depois que ele adormeceu, fiquei ali no escuro, acordada, tentando me convencer de que tinha feito o certo. E sei que fiz. Mas isso não impede que a culpa tente fazer morada. Afinal, é um desafio gigante equilibrar o amor, o cuidado e a necessidade de ensinar autonomia.

Se você, mãe que lê este texto, já viveu algo parecido, quero te dizer: você não está sozinha.


A maternidade real também é feita de nãos

Nem todo dia conseguimos ser doces e tranquilas. Às vezes, educar exige força, exige firmeza — e exige colocar o próprio cansaço como prioridade, sem culpa.

A maternidade real não é feita de perfeição. É feita de escolhas difíceis, de noites mal dormidas, de decisões que doem no peito. Mas também é feita de amor. Um amor que ensina, que prepara, que sustenta.

Então, da próxima vez que você se sentir a "vilã" da história por não ceder, lembre-se: talvez você só esteja sendo a heroína que o seu filho realmente precisa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Do Medo à Liberdade: Uma Jornada de Autoconhecimento e Superação

A Escrita Como Terapia: Uma Voz Sem Rosto, Mas Com Alma

Adoção e Construção de Vínculos: O Dia em Que Vi Meu Filho Pela Primeira Vez