E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

Desde muito nova, luto contra algo que nunca teve nome — pelo menos não até eu mesma começar a investigar com coragem e cuidado: a ansiedade e a depressão. Nunca fui diagnosticada oficialmente, porque nunca procurei um psiquiatra. Mas nos últimos tempos, com a ajuda da terapia e da escrita aqui no blog, tenho conseguido retomar atividades que me fazem bem e reconhecer, com mais compaixão, a minha história.
Eu tinha apenas dezesseis anos quando fui engolida por uma tristeza tão profunda que parecia não ter fim. Conseguia ir à escola, conversar com as pessoas, cumprir minhas tarefas... Por fora, tudo parecia normal. Mas por dentro, algo doía constantemente. O mundo parecia cinza.
Não queria tirar a minha vida, mas desejava o tempo todo que algo acontecesse para que o sofrimento acabasse. Queria dormir e acordar em paz, ou nem acordar. Era uma vontade de sumir, de desaparecer da dor.
Hoje sei que muitas mulheres vivem exatamente assim — escondendo suas dores atrás de uma rotina aparentemente funcional. E, por isso, resolvi contar essa parte da minha história. Porque talvez você que me lê agora também esteja se sentindo assim.
Passei meses com esse peso no peito, sem conseguir compartilhar com ninguém. Até que, um dia, na igreja, ouvi o testemunho de alguém que dizia ter passado por algo semelhante. Essa pessoa contou que, em meio à própria dor, ouviu uma pregação que dizia:
“Não deseje a morte, mas deseje a vida.”
Essa frase me atravessou. Foi como um sopro de luz dentro de mim. Senti algo no meu espírito aliviar. E nunca mais desejei morrer.
A dor não desapareceu completamente, claro. Mas aquela vontade de desaparecer se dissolveu aos poucos.
Com o tempo, a vida foi seguindo. E a maternidade chegou, trazendo um novo tipo de medo: o de morrer e deixar meu filho sozinho nesse mundo. Hoje, meu maior desejo é viver o suficiente para prepará-lo emocionalmente, para que ele seja forte, seguro e, principalmente, feliz.
A dor que eu carregava na juventude se transformou em força. Mas só porque eu aprendi a olhar para ela de frente, com ajuda e coragem.
Se você se identifica com esse relato, quero te deixar algumas sugestões simples, mas valiosas, que me ajudam até hoje:
A terapia foi (e é) uma das ferramentas mais importantes no meu processo de cura. E se houver a possibilidade, consultar um psiquiatra também pode trazer um diagnóstico correto e o tratamento adequado.
Você pode estar sorrindo e funcionando no dia a dia, mas ainda assim se sentir vazia por dentro. Isso não invalida a sua dor. Cada pessoa sente de um jeito, e tudo bem.
Guardar tudo para si só aumenta o peso. Fale com alguém de confiança. Ou escreva. A escrita tem sido minha aliada para organizar sentimentos, revisitar histórias e me curar.
Independentemente da sua crença, conectar-se com algo maior pode trazer conforto nos momentos mais escuros.
Sono, alimentação, movimento do corpo, água. Pode parecer simples, mas esses cuidados diários impactam diretamente a saúde mental.
Hoje, eu escrevo não só para me curar, mas para te acolher. Porque eu sei o quanto dói fingir que está tudo bem quando, na verdade, está tudo desmoronando por dentro.
Se você está passando por isso agora, respira. Você não está sozinha. E não precisa carregar tudo sem ajuda.
De coração para coração,
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