E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

Outro dia, numa daquelas conversas corriqueiras em família, meu filho soltou uma frase que me fez rir e, ao mesmo tempo, pensar:
“Mas ela pode falar mal de você. Tem dois tipos de maus.”
Ficamos sem entender direito o que ele quis dizer. Olhei para o meu marido e caímos na risada. Foi aquele tipo de riso gostoso que alivia o dia, aproxima, cura. Mesmo sem decifrar a lógica da fala, ela ficou reverberando em mim — porque tinha ali algo de muito verdadeiro: ele nos observa. Ele sente o que vivemos, mesmo sem entender tudo.
Aqui em casa, escrever é meu jeito de sobreviver à bagunça emocional dos dias. Sempre peço para meu marido ler os textos que publico no blog. Ele reluta um pouco (acha que vai ser mencionado de um jeito... digamos, comprometedor — risos). Mas não é isso. Nunca foi. Escrever não é sobre expor, é sobre me ouvir. É o meu exercício de autoterapia.
Quando escrevo, coloco para fora o que me atravessa. Ganho clareza, vejo caminhos e entendo melhor o que sinto. E compartilhar isso com outras mulheres é quase um convite para que a gente se reconheça nas nossas imperfeições, dúvidas e tentativas.
Nossa história como pais não começou fácil. A adoção nos trouxe uma infinidade de sentimentos — amor, sim, mas também medo, insegurança, questionamentos. Foram meses difíceis, de ajustes, de noites silenciosas e olhares cansados. Mas, no meio de tudo isso, havia uma certeza crescendo dentro de mim: a vida era tão sem graça sem ele.
Hoje, mesmo com dias caóticos, agendas apertadas e mal-entendidos, o amor mora nas pequenas coisas. Na frase engraçada de uma criança. No riso compartilhado no fim de um dia difícil. No olhar que diz “estamos juntos”, mesmo que a gente ainda esteja aprendendo a ser pai e mãe.
E se posso deixar uma dica, é essa: encontre o seu jeito de se escutar. Pode ser escrever, bordar, caminhar em silêncio, cuidar de plantas ou ouvir músicas que te tragam de volta pra você. Quando a gente se escuta com carinho, fica mais fácil acolher o outro também.
A maternidade me mostrou que não existe perfeição. Existe tentativa. Existe entrega. Existe amor construído com tempo, paciência e vulnerabilidade.
E, quem sabe, até existam dois tipos de “maus”. Mas os que vêm acompanhados de afeto, riso e escuta... esses a gente transforma em amor.
💬 Se esse texto tocou seu coração, compartilhe com outra mulher que precisa rir, se acolher e lembrar que está tudo bem não saber tudo o tempo todo. Compartilhe, também, com aquela amiga que um filho cheio de frases maravilhosamente confusas.💕
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