E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

Quando a Maternidade Nos Torna Mães Solos, Mesmo Sendo Casadas: Uma História de Dor, Coragem e Recomeço

Mães solo

Quando nos tornamos mães — seja pela gestação ou pela adoção —, carregamos dentro de nós um oceano de amor, sonhos e esperanças.

Mas também, muitas vezes, nos deparamos com dores para as quais ninguém nos preparou.
Hoje, compartilho um pedaço da minha história para que você, mulher que talvez esteja se sentindo sozinha, saiba: você não está só. E mais do que isso — há caminhos para reconstruir.

Meu filho chegou até nós através da adoção.
Era para ser um dos momentos mais felizes da nossa vida em família — e, de muitas maneiras, foi.
Mas junto com a felicidade, vieram também desafios profundos.

Nos primeiros meses, percebi um afastamento doloroso do meu marido.
Ele, que sempre sonhou em ser pai, parecia não conseguir se vincular. Evitava o convívio, recusava-se a participar dos pequenos momentos — o banho, o escovar os dentes, o brincar.
Enquanto isso, eu me desdobrava para acolher nosso filho e ainda tentava puxar meu marido de volta para perto.

Por muitas vezes, me perguntei se era certo insistir.
Mas no fundo, eu sabia: se eu não chamasse meu marido à responsabilidade, a nossa família se perderia ainda mais.

Nós, mulheres, somos ensinadas a aguentar, a carregar, a cuidar sozinhas.
Mas não deveria ser assim.
Família é parceria. Família é construção mútua.


A dor invisível: a depressão "pós-parto" masculina

Foi buscando entender o que se passava que descobri algo ainda pouco falado: depressão "pós-parto" também afeta os homens.
Estudos mostram que cerca de 10% dos pais desenvolvem sintomas de depressão nos primeiros meses após a chegada de um filho.

Os sinais nem sempre são claros:

  • Irritabilidade constante

  • Isolamento afetivo

  • Falta de interesse pelas atividades com o bebê

  • Alterações no sono e apetite

  • Sentimentos de culpa e inadequação

  • Alcoolismo

Diferente das mulheres, que costumam buscar ajuda mais facilmente, muitos homens se fecham em silêncio, deixando o peso nas costas de quem ficou.

Mas isso não precisa ser o seu destino.


Chamar à responsabilidade é também um ato de amor

Se você sente que está se tornando mãe solo dentro do seu próprio casamento, eu quero te dizer:
não tenha medo de chamar seu parceiro à responsabilidade.

Isso não significa agir com dureza, nem gerar mais culpa.
Significa convidá-lo a construir junto.
Significa mostrar que paternidade é escolha diária, é presença, é esforço.
Assim como nós, mulheres, também temos nossos dias difíceis, também os homens podem aprender a ser pais — mas é preciso que eles assumam seu papel de coração aberto.

Incentive seu companheiro a buscar ajuda, a falar sobre seus sentimentos, a olhar para as próprias dores sem medo.
Assim, vocês não só cuidarão do filho de vocês, mas também da relação que sustenta essa família.


O recomeço: quando o amor pede coragem

Aqui em casa, as coisas melhoraram.
Com paciência, diálogo e principalmente com ajuda profissional, meu marido começou a enfrentar o que sentia.
Ele buscou terapia, se abriu para o processo de cura, e juntos fomos reconstruindo a relação entre ele e nosso filho — e também entre nós dois.

Hoje, ainda temos nossos desafios.
Mas caminhamos lado a lado, com vínculos mais fortes, mais verdadeiros e mais conscientes.
Somos uma família em construção, e é lindo perceber que o amor também mora nos recomeços.


Se você também se sente sozinha…

Se hoje você sente que carrega o mundo nas costas, quero te dizer: você é forte, mas não precisa fazer tudo sozinha.
Você merece parceria. Você merece cuidado. Você merece ser ouvida.

Se puder, converse.
Chame para perto.
Peça ajuda.
E se for preciso, sugira que ele também busque apoio profissional.
Mudar não é fácil, mas é possível — e pode transformar a vida de toda a família.

Aqui, neste espaço, sua história é acolhida. Sua dor é respeitada.
E seu recomeço é celebrado.

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