E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

Quando o Amor Aprende a se Expressar: Uma Mãe, Seu Filho e as Datas Comemorativas

Datas comemorativas

Maternidade real e adotiva: o amor que se constrói no tempo da alma

A maternidade me alcançou de forma diferente. Em 2022, meu filho chegou até mim com sete anos. Não veio da minha barriga, mas nasceu no meu coração — e no momento em que ele entrou em casa, comecei a descobrir uma nova versão de mim mesma: mãe.

Mas, ao contrário do que romantizam por aí, o amor na adoção não é automático. Ele é possível, profundo, intenso — mas é construído, passo a passo, dia após dia. Especialmente quando se trata de criar laços emocionais com uma criança que já traz suas próprias marcas, histórias e modos de sentir o mundo.


As datas comemorativas e o silêncio que machuca

Nos primeiros momentos da nossa convivência, percebi algo que me deixou inquieta: meu filho parecia desconfortável com o Dia das Mães, Dia dos Pais e até com o meu aniversário e o do meu esposo. Mas, curiosamente, o aniversário dele era diferente. Ele comemorava com entusiasmo, vibrava com os parabéns e adorava os presentes.

Em 2022, não ouvi sequer um "parabéns" no meu aniversário. Em 2023, veio de longe, quase como quem ensaia uma nova fala. Em 2024, ganhei um abraço e um beijo — e foi nesse mesmo ano que ele não escondeu o presente feito na escola para o Dia das Mães. Mais do que isso: ele quis comprar algo para mim. Com suas palavras e seu jeitinho, ele demonstrou algo que talvez ainda não soubesse nomear: carinho, afeto, vínculo.


Adoção: uma ponte entre mundos emocionais diferentes

A verdade é que, ao adotar, a gente não recebe apenas uma criança. A gente acolhe uma história, com todas as suas nuances, feridas e defesas. E as datas comemorativas, que para muitos são só celebração, para ele talvez fossem um lugar de confusão, dor ou ausência.

Levei um tempo para compreender isso com o coração. No começo, me doía. Me perguntava: será que ele não sente nada por mim? Será que não reconhece o que estamos construindo? Mas depois percebi: ele só estava tateando esse novo território. Sentindo se era seguro amar. E principalmente: se era seguro ser amado.


O amor precisa de tempo, não de pressa

A maternidade adotiva me ensinou que o amor verdadeiro não se força — ele floresce. Que as expressões de carinho podem vir de formas sutis, inesperadas e, muitas vezes, atrasadas. E está tudo bem. Cada gesto, cada olhar, cada tentativa — por menor que pareça — é uma conquista enorme.

O fato de ele sempre se sentir à vontade para comemorar o próprio aniversário me mostrou que ele sabia receber. E talvez, aos poucos, estivesse aprendendo a oferecer. A retribuir. A confiar.


Para outras mães que também adotaram e esperam pelo afeto espontâneo

Se você é mãe por adoção e já sentiu a dor de um abraço que não veio ou de um "eu te amo" que nunca foi dito — respira. Eu te entendo. A maternidade adotiva tem suas belezas, mas também seus silêncios. E nesses silêncios, às vezes mora o medo, o trauma, a dúvida... mas também mora a esperança.

Porque o vínculo não nasce do sangue — nasce da presença constante, da escuta, do acolhimento sem cobrança. E um dia, de repente, ele aparece. Num abraço. Num presente escondido com carinho. Num beijo desajeitado. E é nesse momento que a gente sente: valeu a pena.


Conclusão: amar é dar tempo ao amor

Hoje, olho para o nosso trajeto com ternura. Ele está aprendendo a me amar — e eu estou aprendendo a ser a mãe que ele precisa. Sem pressa, sem idealização, apenas com entrega e verdade. Porque o amor não nasce pronto. Ele se constrói.


Você também é mãe por adoção? Já viveu algo parecido com seu filho(a)? Compartilha comigo nos comentários ou me escreve — seu relato pode acolher outras mães como nós.





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