E quando a gente dá tanto… e recebe tão pouco?

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Me diz, você já se sentiu assim? Como se tudo que você faz nunca fosse o bastante… ou, pior, como se ninguém percebesse o quanto você se doa? Eu me sinto assim. Mais vezes do que gostaria de admitir. E, sempre acabo me sentindo sozinha. Se eu vou pra cozinha, faço questão de caprichar. Escolho com cuidado os ingredientes, penso no que cada um gosta, tempero com amor, porque, pra mim, cuidar é uma forma de amar. Se limpo a casa, não é só pra ficar apresentável. Eu quero ver o branco voltar a ser branco, quero sentir aquele cheirinho de casa limpa, de cuidado, de aconchego. Porque eu não sei fazer de qualquer jeito. Nunca soube. E, ainda assim... tem dias que o peso vem. Vem quando percebo que o café — aquele café que tanto me faz bem — tá acabando… e fico esperando, quase na esperança boba, que alguém perceba e compre. Que alguém se lembre que isso também é amor. Vem quando vejo que, se alguém resolve "ajudar" na faxina, o pó dos móveis fica lá. E eu me pergunto: será qu...

Quando a maternidade toca feridas antigas: o dia em que meu filho "me adotou"

Meu filho me adotou

Desde que me tornei mãe, a vida tem ganhado outras cores, sons e significados. Algumas coisas, mesmo simples, se tornaram profundamente simbólicas. Outras, por mais corriqueiras que sejam, chegam como verdadeiras tempestades, ativando dores e feridas antigas que eu nem sabia que ainda estavam abertas.

A maternidade, para mim, tem sido esse caminho tortuoso e, ao mesmo tempo, mágico: um misto de enfrentamento e cura. E hoje, quero compartilhar algo que pode parecer pequeno para o mundo, mas que mexeu profundamente comigo. Talvez, se você é mãe ou mulher em processo de autoconhecimento, isso também ressoe aí dentro.


O gesto singelo que me tocou profundamente

Tenho alguns bichinhos de pelúcia pequenos, do tipo que enfeitam mochilas como chaveiros. Não são novos, nem caros, mas têm um valor afetivo especial. E um dia, sem que eu soubesse, meu filho os pegou e levou para a escola. Até aí, tudo bem. Só fui descobrir o motivo real hoje, meses depois do início do ano letivo.

Perguntei casualmente por que ele não os trazia mais para casa. E a resposta me atingiu em cheio:

— Não, mamãe, eles são da Aline (a psicóloga dele) agora. Se eu tirar eles dela, vão ficar tristes. Eles nem lembram mais de você.

Pode parecer uma frase boba, até meio engraçada. Mas naquele momento, algo dentro de mim se reorganizou. Um entendimento silencioso surgiu entre minhas emoções e memórias. Meu filho, em sua linguagem inocente e cheia de imaginação, estava me dizendo que estava bem. Que estava seguro. Que encontrou conforto e apoio na terapia. E, de forma ainda mais profunda, me mostrou que ele me reconhece como mãe — no mais pleno sentido da palavra.


Quando o filho nos cura

Para muitas de nós, mulheres que carregam traumas da infância, aceitar o amor dos filhos pode ser desafiador. Nos perguntamos, silenciosamente, se seremos boas mães. Se daremos conta. Se merecemos esse amor incondicional. E às vezes, é num gesto simples — como o de dar um bichinho de pelúcia para a psicóloga — que encontramos respostas emocionais que procuramos por anos.

A fala do meu filho, que dizia que "eles nem lembram mais de você", me trouxe lágrimas, mas não de dor. Era como se ele dissesse: "Mamãe, eu estou bem. Você me deu o suficiente para que eu pudesse seguir. Eu confio." E isso... isso cura.


O poder da escuta e da observação na maternidade

Muitas vezes, estamos tão sobrecarregadas que deixamos passar essas pequenas pistas do mundo emocional dos nossos filhos. Mas quando paramos para ouvir, observar e, principalmente, sentir, percebemos que estamos fazendo um trabalho valioso.

Se você, mãe, está lendo isso agora e se sente esgotada, confusa ou até mesmo desconectada do seu filho, saiba: o amor mora nas entrelinhas. Às vezes, ele aparece num brinquedo emprestado, num desenho desajeitado ou numa frase que à primeira vista parece sem sentido.


Acolhendo a mulher por trás da mãe

Esse blog é o meu espaço de acolhimento e cura. Escrevo para me entender, mas também para te abraçar, mulher. A maternidade não precisa ser solitária. E você não está errada por sentir demais, por chorar escondida ou por duvidar do seu valor. Você está vivendo intensamente um dos papéis mais desafiadores e transformadores da existência.

E se hoje, como eu, você também sentiu que seu filho te “adotou” de verdade, mesmo sem dizer com essas palavras, abrace esse momento com carinho. Porque às vezes, no silêncio das palavras infantis, a vida nos mostra que estamos no caminho certo.


Dicas:

Fique atenta às falas espontâneas do seu filho. Elas podem revelar muito mais do que você imagina sobre o vínculo entre vocês e sobre o mundo interno da criança. Valorize esses momentos e, se possível, registre-os. Eles são pequenas âncoras emocionais para os dias difíceis.


Se esse texto te tocou de alguma forma, compartilhe com outra mãe. Às vezes, tudo que precisamos é saber que não estamos sozinhas.

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