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Mostrando postagens de março, 2025

Quando ele me chamou de mãe

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Sou mãe de um menino de onze anos. Meu menino. Esperto, lindo e cheio de vida. Mas ele carrega nos ombros uma bagagem que não pertence a nenhuma criança. Uma bagagem que o tempo, a fome, a ausência e a solidão colocaram sobre ele. Ele sabe o que é sentir fome. Sabe o que é não ser cuidado. Sabe o que é andar sozinho por aí, indefeso, tendo apenas a si mesmo. Antes de chegar à minha vida pela adoção, ele viveu capítulos que eu daria tudo para reescrever. E talvez por isso, até hoje, tenha dificuldade de me chamar de “mãe”. Essa palavra parece morar numa prateleira alta demais, inalcançável para ele. Mas na madrugada de sábado para domingo, algo aconteceu. Ele estava com febre. Dormia inquieto, murmurando palavras que vinham de algum lugar entre sonho e delírio. Eu estava ali, ao lado dele, cuidando, sentindo sua respiração quente, atenta a cada movimento. E então… aconteceu. Ele me chamou de Mãe . Foi só uma vez. Baixinho. Quase como se fosse para si mesmo. E naquele instante, o ...

Como Controlar a Voz Embargada em Momentos Importantes

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Desde a infância, muitas de nossas emoções são moldadas por experiências que, na época, não conseguimos compreender completamente. Algumas dessas vivências permanecem conosco de forma sutil, influenciando nosso comportamento na vida adulta. Um exemplo disso é a dificuldade de falar sobre assuntos importantes sem que a voz fique embargada, especialmente quando envolvem emoções profundas. Por Que a Voz Embarga? A voz embargada ocorre quando as emoções reprimidas encontram uma brecha para se manifestar. Pode estar ligada a experiências passadas em que a expressão emocional foi desencorajada ou mal interpretada. Quem, desde cedo, aprendeu a segurar o choro pode acabar desenvolvendo essa dificuldade ao precisar comunicar algo que exige firmeza emocional. Nos momentos em que precisamos transmitir segurança e clareza, sentir a voz tremer pode gerar frustração e desconforto. Isso pode acontecer em situações do trabalho, como ao conversar com um superior, ou em momentos pessoais, quando precisa...

A Importância de Cuidar da Saúde Mental na Maternidade e no Casamento

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A maternidade e o casamento são duas experiências transformadoras. São fontes inesgotáveis de amor, aprendizado e crescimento, mas também podem ser desafiadoras, especialmente quando a saúde mental é negligenciada. Durante muito tempo, cuidei de tudo e de todos, menos de mim. Foi preciso chegar ao meu limite para entender que minha saúde mental precisava de atenção. Se você se identifica com essa realidade, saiba que não está sozinha. Por que a Saúde Mental é Tão Importante? Quando nossa saúde mental não está equilibrada, todo o resto ao nosso redor sente o impacto. O casamento se desgasta, a paciência com os filhos diminui, e as tarefas do dia a dia se tornam mais pesadas. O estresse e a sobrecarga emocional podem levar à exaustão, afetando a qualidade de vida de toda a família. A ansiedade, por exemplo, pode transformar pequenas preocupações em tempestades avassaladoras. A depressão pode nos fazer sentir insuficientes, mesmo quando estamos fazendo o nosso melhor. E o pior: muitas vez...

Quem Está ao Seu Lado nas Tempestades?

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Já reparou como a solidão pode se infiltrar silenciosamente na nossa vida? Quando criança, eu era falante, cheia de energia, me envolvia com outras crianças facilmente. Mas algo mudou. Aos sete anos, quase sem perceber, fui me fechando. No colégio, passei a interagir um pouco mais com os meus colegas, mas não o suficiente para construir laços que se tornariam permanentes por toda vida. Talvez você esteja se perguntando: Mas você não tem amigos? Tenho, sim. Mas fui me acostumando tanto a guardar tudo para mim que raramente conseguia compartilhar minhas dores e angústias. A única amiga que conseguia me fazer desabafar partiu cedo demais, vítima de um acidente. E só depois, com a chegada do meu filho, percebi o tamanho do vazio que essa ausência deixou. A maternidade é um furacão de emoções. Entre noites mal dormidas, inseguranças e desafios diários, senti na pele o peso da solidão. Não é só sobre cansaço físico, é sobre a falta de alguém que te olhe nos olhos e diga: "Eu te entendo,...

Do Medo à Liberdade: Uma Jornada de Autoconhecimento e Superação

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Desde menina, o medo foi um dos meus companheiros mais fiéis. Ele caminhava ao meu lado dia após dia, sussurrando dúvidas que me impediam de dar o próximo passo. Tinha medo do que pensariam de mim, medo de errar, medo de me expor e ser julgada. Ele me acorrentou de tal forma que, mesmo sonhando alto, conquistei pouco. Se você já sentiu essa angústia, esse nó na garganta que te impede de seguir adiante, eu quero te abraçar com minhas palavras. Você não está sozinha. Sei como é olhar para trás e ver oportunidades desperdiçadas, caminhos não percorridos... Mas também sei que nunca é tarde para mudar essa história, mesmo que não seja um caminho fácil a se percorrer. O Impacto do Medo na Nossa Vida O medo pode ser cruel. Ele sussurra que não somos boas o suficiente, que não devemos tentar, que vamos falhar. Ele nos paralisa nos momentos em que mais precisamos agir. Eu passei anos vivendo à sombra desse sentimento. Sonhei, mas não realizei. Quis voar, mas fiquei no chão. E então, um dia, per...

A Escrita Como Terapia: Uma Voz Sem Rosto, Mas Com Alma

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Sou uma mulher de 42 anos, mãe, esposa e, acima de tudo, alguém que sente, que vive e que busca sentido em meio ao caos do cotidiano. Aqui não tenho nome, mas poderei ser Ana, Maria, Joana... Há tempos carrego medos e angústias que, como sombras, insistem em me acompanhar. Mas, em vez de fugir, escolhi enfrentá-los de uma forma que me parecia natural: escrevendo. A escrita tem sido minha terapia silenciosa, um refúgio seguro onde posso colocar para fora tudo o que me inquieta sem medo de julgamentos ou olhares curiosos. Contudo, ao decidir compartilhar minhas experiências, fiz uma escolha consciente: permanecer sem rosto, sem nome, mas jamais sem verdade. Pode parecer contraditório compartilhar histórias sem se expor por completo, mas há algo de profundamente libertador nisso. Escrever sem a necessidade de uma identidade pública me permite ser ainda mais honesta, mais crua e, ao mesmo tempo, mais próxima de quem lê. Porque, no fim das contas, o que importa não é quem escreve, mas sim a...