Desde menina, aprendi a correr atrás dos meus sonhos (que ainda tento concretizar, mas não tenho tido muito sucesso) e resolver as minhas próprias questões.
Quando descobria um curso gratuito, eu mesma procurava as informações, preparava a documentação e, no final, só pedia aos meus pais que assinassem a matrícula — porque, sendo menor de idade, minha assinatura não tinha validade.
Cresci assim: buscando me virar sozinha, sem querer dar trabalho, sem pedir ajuda.
Parecia força, mas no fundo também era medo de não ser atendida. Medo de depender.
Quando me casei, levei comigo esse hábito que tenho tentado me desfazer. Ele me tem feito carregar uma carga maior do que deveria. Me tem provocado exaustão e ansiedade. Muitas vezes me tira até as forças para lutar pelo que realmente importa.
Sem perceber, tentei abraçar o mundo.
Assumia as finanças, queria a casa em ordem, cuidava dos detalhes grandes e pequenos. Eu achava que, para as coisas darem certo, precisava carregar tudo sozinha.
Do outro lado, meu marido também trouxe seus costumes.
Ele, que sempre trabalhou e ajudou financeiramente a família, vinha de um lar onde a mãe resolvia as questões do dia a dia.
Então, quando casamos, ele confiava em mim para decidir. Raramente me questionava, fosse uma escolha acertada ou não.
E assim fomos seguindo — sem ver, de verdade, o quanto aquela dinâmica me sobrecarregava e o quanto também tirava dele o lugar de liderança no lar (quem é cristã, como eu, sabe a importância disso).
Quando a chegada dos filhos revela o que estava escondido
A maternidade tem o dom de escancarar aquilo que a gente tenta esconder debaixo do tapete.
Quando nosso filho chegou, tudo o que parecia estar "sob controle" veio à tona.
As pequenas falhas de comunicação, o peso que eu carregava em silêncio, a sensação de estar sozinha mesmo sendo casada... tudo ficou impossível de ignorar.
Foi doloroso perceber, mas também foi libertador.
Foi o começo de um novo caminho.
A importância de falar, buscar ajuda e não se calar
Se eu pudesse te dar um conselho hoje, seria este: não silencie sua dor.
Não aceite como "normal" aquilo que pesa no seu coração.
Busque ajuda. Terapia, oração, diálogos sinceros — tudo isso é ferramenta de cura.
Expresse, com sabedoria e amor, aquilo que te incomoda.
Não faça como eu, que muitas vezes me calei para evitar conflitos, para não me irritar, para não me sentir ainda mais incompreendida.
Se eu tivesse insistido em comunicar minhas frustrações na hora certa, teríamos evitado tantas dores desnecessárias.
Um convite para caminharmos juntas
Se você, lendo isso, se enxergou em alguma parte da minha história, quero te acolher.
Você não está sozinha.
Ser forte não é carregar tudo sem ajuda. Ser forte é reconhecer quando algo precisa mudar e ter a coragem de buscar esse novo caminho.
O casamento, a maternidade, a vida a dois — tudo isso é construção. E construir dá trabalho. Às vezes dói. Mas é assim que nascem as relações verdadeiramente sólidas e vivas.
Cuide do que te dói.
Dê voz ao que o seu coração grita em silêncio.
Permita-se ser cuidada também.
Estamos juntas nessa caminhada. 🤍
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